PRESIDENTE DO CONGRESSO NACIONAL RECEBE PROPOSTA DA SOCIEDADE CIVIL SOBRE ACORDOS DE LENIÊNCIA

Proposta coletiva da sociedade civil harmoniza competências constitucionais dos órgãos de controle, garante segurança jurídica aos acordos de leniência celebrados com as pessoas jurídicas infratoras, preserva empregos e democratiza destinação dos recursos das multas arrecadadas em razão da Lei Anticorrupção

BRASÍLIA. O Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se reuniu nesta quarta-feira (4), com o Deputado Raul Jungmann (PPS-PE) que pediu apoio na tramitação de uma legislação mais eficiente para tratar de Acordo de Leniência.

A proposta foi elaborada por um grupo formado por Juristas, Auditores de Controle Externo, Magistrados, membros do Ministério Público, Acadêmicos e representantes de organizações da sociedade civil. Segundo Jungmann, o projeto visa aumentar a segurança jurídica dos acordos de leniência, harmonizar as competências constitucionais dos órgãos de controle, preservar os empregos e democratizar a aplicação dos recursos das multas aplicadas às pessoas jurídicas infratoras.

O texto prevê que o Ministério Público possa fazer os acordos de leniência isoladamente ou em conjunto com a União ou demais entes da Federação, que deverão ser representados pelas respectivas Advocacias Públicas, sob a pena de ferir a Constituição da república, que reserva exclusivamente essa representação a tais órgãos jurídicos.

Outro ponto tratado na proposta diz respeito à homologação judicial dos acordos de leniência, como ocorre com a colaboração premiada. Segundo o texto elaborado pela sociedade civil, essa é a única via de conferir segurança jurídica e garantir que não haverá questionamentos judiciais futuros, tais como ações populares e ações civis públicas posteriores à celebração dos acordos com as empresas que colaborarem com as investigações. "Desde a edição da Lei Anticorrupção, os únicos acordos celebrados até agora foram com o Ministério Público Federal e contaram com homologação do Juiz Sérgio Moro", explicou Lucieni.

A previsão de multa civil e alienação compulsória do controle acionário da empresa para determinados casos também constituem alternativas propostas pela sociedade civil para evitar a dissolução da empresa, sanção que deve ser aplicada em caráter excepcional, de acordo com as condições já previstas na Lei.

Segundo o Presidente do Senado, Renan Calheiros, é muito importante que se avance na conversa com os líderes para garantir a tramitação da matéria. “Eu me coloco inteiramente à disposição para que o projeto possa caminhar”, garantiu Renan.

Além do Deputado Jungmann e os Assessores do PPS, Patrícia Nogueira e Seme Fares, participaram da audiência o Procurador Ministério Público de Contas e Vice-Presidente da Associação Nacional do Ministério Público de Contas (AMPCON), Júlio Marcelo de Oliveira; a Auditora Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU) e Presidente da ANTC, Lucieni Pereira; os Auditores Federais de Controle Externo do TCU e representantes da AUD-TCU, Marcelo Rocha do Amaral e  Nivaldo Dias Filho; o Juiz Federal e Vice-Presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE-2ª Região), Eduardo André B. B. Fernandes, e a advogada e Doutoranda da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Aline Teodoro de Moura.

Após a coletiva de imprensa, os representantes da sociedade civil se reuniram na Câmara dos Deputados. Além dos integrantes da Comistiva que foram a Renan, o Secretário-Geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, participou do ato.

O objetivo do encontro foi sensibilizar parlamentares para a necessidade de rever pontos cruciais do Parecer do relator da Medida provisória nº 703, de 2015, também conhecida como MP da Leniência. No último dia 25/4, a Procuradoria-Geral da República encaminhou o Parecer da ADI nº 5.466 apontando a inconstitucionalidade da MP. Relembre o caso!

REPRESENTANTES DA SOCIEDADE CIVIL OFICIALIZAM ENTREGA DE PROPOSTA EM ATO PÚBLICO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS


 
Fotos: ANTC

Após a audiência com Renan, os representantes de entidades de classe, organizações da sociedade civil e acadêmicos se reuniram no Plenário 16 do Anexo II da Câmara dos Deputados com convidados para apresentar os principais pontos da proposta, que será apresentada sob a forma de Projeto de Lei na próxima terça-feira (10). O Deputado Raul Jungmann presidiu a mesa de debates e se comprometeu apresentar o Projeto de Lei juntamente com outros Deputados.

A Doutoranda do curso da UERJ de Direito da Empresa e Atividades Econômicas, Aline Moura, fez a entrega oficial da proposta coletiva da sociedade civil ao Deputado, que se comprometeu protocolar o texto sob a forma de Projeto de Lei e mobilizar outros Parlamentares. "Essa proposta veio em boa hora. A Academia, as entidades de classe e as organizações da sociedade civil dão importante contribuição ao Parlamento brasileiro com essa proposta", declarou Jungmann.

No mesmo dia, a Câmara de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal publicou Nota Técnica oficial contrária ao Parecer do relator na Comissão Mista que apreciada a MP da Leniência. O Coordenador da Operação Lava Jato, o Procurador da República Deltan Dallagnoll, também criticou o Parecer e, entrevista convedida ao Jornal O Globo. Para Dallagnoll, as propostas apresentadas no Parecer do relator representam um "ataque direto à Lava Jato".

A Procuradora Regional da República e Diretora Jurídica da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Samantha Chantal Dobrowolski, faz importantes reflexões em artigo sobre os acordos de leniência publicado no site CONJUR. Confira!

Leia a íntegra da proposta coletiva da sociedade civil!


Fonte: Comunicação ANTC com informações do Portal Institucional do Senado Federal | Presidência.

Imprimir   Email