ASSOCIAÇÃO DE AUDITORES QUER IMPEDIR NOMEAÇÃO POLÍTICA NO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Entidade entra na Justiça com ação que pode impedir entrada do deputado Domingos Brazão, cotado para vaga na corte.

Por Luiz Gustavo Schmitt

RIO — A Associação Nacional dos Auditores dos Tribunais de Contas do Brasil (Audicon) entrou com um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Rio para impedir que o próximo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Estado (TCE) seja nomeado sem concurso público. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) deve escolher no dia 28 o nome do novo membro, que deverá ocupar uma das sete vagas na corte. Apoiado pelo presidente da assembleia, Jorge Picciani (PMDB), o deputado estadual Domingos Brazão (PMDB) é o mais cotado para a vaga.

Um dos argumentos do mandado de segurança é que não existe hoje no TCE conselheiros substitutos, que são auditores contratados por meio de concurso público. O tribunal é formado por sete conselheiros, sendo que quatro são indicados pela Alerj e três, pelo governador. Pela lei, uma das três vagas que cabem ao governador deveria ser ocupada por um auditor concursado. Mas isso nunca ocorreu porque o tribunal só lançará o edital para a contratação dos três conselheiros substitutos no fim deste mês, embora a norma seja uma exigência da Constituição Federal de 1988.

O presidente do TCE, Jonas Lopes de Carvalho, discorda. Ele afirma que a Audicon quer fazer reserva de vaga para conselheiro substituto concursado, cuja carreira ainda não existe no tribunal. Carvalho argumenta que, embora o órgão tenha conselheiros indicados por políticos, suas decisões são sempre técnicas.

SEM 'NOTÓRIO SABER'

Caso Brazão seja indicado para o TCE, a Audicon e a Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas prometem ir mais uma vez à Justiça. Elas alegam que o deputado é réu em ação por improbidade administrativa, que tramita em segredo de Justiça. As entidades entendem que os indicados ao cargo devem ter reputação ilibada e não podem estar envolvidos em processos judiciais. Além disso, segundo as associações, ainda pesa o fato de que Brazão não tem nível superior completo. Segundo o presidente da Audicon, Marcos Benquerer Costa, a falta do diploma descumpre requisito constitucional para o cargo, que exige notório saber jurídico e contábil. Procurado, o deputado Domingos Brazão não retornou as ligações.


Fonte: O GLOBO ON LINE.

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