BANCO MUNDIAL QUER ENVOLVIMENTO DO JOVEM NO COMBATE À CORRUPÇÃO

Gabriela Salcedo

O Banco Mundial sediou hoje de manhã a segunda edição da Cúpula Jovem 2014, conferência em que reuniu jovens lideranças da sociedade civil para discutir o tema: "A necessidade de um governo aberto e responsável". O Contas Abertas foi convidado pelo Banco Mundial para assistir ao evento na sede da instituição em Brasília. Entre os participantes do Fórum houve consenso de que o aumento da percepção da corrupção resulta em falta de confiança da sociedade no governo. Para combatê-la, é preciso envolver os cidadãos na luta contra a corrupção e encontrar os caminhos para que a voz da juventude seja escutada.

O Ministro da Previdência Social e da Juventude da Albânia, Erion Veliaj, convidado do evento, defendeu o desenvolvimento de um governo aberto que aproxime a população jovem, não a deixando em uma posição passiva, só a espera de atitudes dos governantes.

Para ele, é preciso que os jovens se envolvam com o mundo político, concorram aos cargos públicos e "troquem de música". "Se uma música está tocando e você não estiver gostando do jeito que as pessoas estão dançando, não adianta esperar que elas se comportem de maneira diferente. É preciso trocar de música", afirmou.

Como discutido no evento, os jovens já estão lutando contra a corrupção, exigindo governos mais abertos e transparentes. Para a Cúpula, eles já perceberam que são os mais prejudicados com sistemas políticos corruptos e, agora, precisam ser incentivados para que não percam o engajamento, se façam ativos nas decisões políticas de seus países e, com isso, conquistem maior controle social, "accountability" e melhores oportunidades para o futuro.

Entretanto, para um dos diretores do Banco Mundial que mediou o evento, Mário Marcel, o maior desafio para manter o jovem engajado é superar a frustração. Segundo ele, os escândalos frequentes de atos corruptos dos governos fazem com que a descrença em um sistema político honesto se fortaleça.

"Toda vez que, na luta contra a corrupção, se encontra um governo corrupto, é preciso pensar uma nova forma de governar, isto é, como trocar uma maneira ruim de fazer política por uma boa", explicou ele.

Entre os problemas de envolver o jovem, além da citada frustração, também foi pontuado a dificuldade de trazer os jovens para as ruas. Os convidados destacaram a força política que os meios de comunicação atuais tem para falar com a juventude, capazes de conectar milhares de pessoas e que não existiam no passado, como as mídias sociais. Porém, ao mesmo tempo que podem fortalecer a disseminação da mensagem, podem enfraquecer a força do movimento. "Elas são apenas uma ferramenta de comunicação, ainda precisamos dos ideais, do movimento. Precisamos usar as mídias sociais para potencializar o movimento", explicou Nigel Chapman, presidente da Plan Intenacional.

Em concordância, o secretário geral do "Envoy for Youth" das Nações Unidas, Ahmad Alhendawi, defendeu que a sociedade civil se movimente para além dos teclados dos computadores. "É preciso movimento. Há muitas ferramentas de comunicação que podem ser usadas, mas temos que entender melhor as instituições, as organizações e o processo político para podermos combater a corrupção".

Ele ainda falou sobre a responsabilidade das próprias instituições da sociedade civil e do governo sobre esse processo de conscientização dos jovens para futuro envolvimento. De acordo com Alhendawi, é fundamental que as entidades se empenhem em trazer a população jovem para a prática política, que deve ser maior do que apenas o ato de votar. "Não estamos construindo shoppings centers. Estamos construindo países, cidadãos, que precisam participar e se engajar nos processos políticos que dizem respeito a vida deles", explicou.


Fonte: Contas Abertas.

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